segunda-feira, 17 de setembro de 2012

KYUDO (弓道): O Caminho do arco

File:Kyudo or the way of archery.jpg
Os  objetivos máximos são meditar para encontrar o Shin-Zen-Bi, isto é, a Verdade, o Bem e a Beleza. 



Kyudo (caminho do arco) é uma arte marcial onde o manejo da arma ( arco) não é o fim em si, mas um caminho para a obtenção da harmonia pessoal e espiritual. O arco japonês tem um significado cultural amplo no Japão. A sua utilização não se limita ao kyudo, sendo utilizado no tiro a cavalo (yabusame) e em cerimónias religiosas (shintoísmo sobretudo), nas atividades diárias de alguns mosteiros zen em cerimónias diversas como baptizados e aberturas de torneios de sumô.Todos estes elementos filosoficos e esteticos, fazem desta uma arte marcial única, impregnada de zen budismo e xintoismo.

Atualmente o kyudo é praticado como uma forma de desenvolvimento do individuo nos  âmbitos físico e mental. Diz-se que o famoso budoka Shiro Saigo (também conhecido como Sugata Sanshiro) se afastou do judo e do aikijujutsu passou a dedicar-se ao estudo do arco a fim de encontrar serenidade.

Uma Flecha, Uma vida


Principalmente no Japão existe a pratica do kyudo como esporte. Segundo o Manual de Kyudo da Federação Japonesa de Kyudo (ANKF), a verdade do kyudo está na unidade de três princípios, (1) a estabilidade do corpo, (2) a estabilidade da mente e (3) a estabilidade do arco. Dedicar-se e concentrar-se completamente no tiro é, então, um objetivo que está para além do mero acertar o alvo.


Equipamento




  • Yumi (arco de Kyudô)

O yumi é excepcionalmente longo (cerca de 2,20 m), ultrapassando a altura do próprio arqueiro (kyudoka). Os arcos são tradicionalmente feitos de bambu, madeira e couro utilizando técnicas que não mudaram em séculos, apesar de haver uma tendência a utilizar materiais sintéticos como fibra de vidro e carbono). 


  • Ya (flecha )

A ya é tradicionalmente feita de bambu (paulatinamente substituido pelas de alumínio ou fibra de carbono) , e era adornada com penas de águia ou de falcão. Atualmente se preferem penas de aves domésticas, como o peru. Os arqueiros normalmente atiram duas flechas de cada vez, (a primeira chama-se haya, a segunda otoya).


  • Yugake (Luva)

A yagake - luva (kake) do arco(yumi) normalmente é feita com  pele de gamo ou veado, e possui um revestimento endurecido na região do polegar, além de um pequeno encaixe na sua base para que a corda do arco (tsuru) seja mais facilmente puxada. Existem diversos tipos de luvas consoante o número de dedos que têm. A luva de três dedos (polegar, indicador e médio) designa-se por mitsugake. A luva de quatro dedos (polegar, indicador, médio e anelar) chama-se yotsugake. A luva de cinco dedos designa-se por morogake sendo a menos comum.
Característica tecnica

O disparo normalmente é efetuado com a mão esquerda segurando o yumi e a direita  (enluvada) é extendida ao máximo, ficando muito atrás da cabeça. Inciantes começam praticando sem o arco, depois apenas com ele e finalmente com o yumi e a ya, com alvos como a makiwara. Após cada disparo o yumi irá (para um kyudoka com prática) rodar na mão, fazendo com que a corda do arco pare na frente do antebraço externo. Este movimento, o yugaeri é uma combinação de técnica e da movimentação natural do arco. É único do kyudo.
Graduações

As graduações se dividem em 5 classes (kyu) e 10 dan ( graus). Não é utilizado o sistema de faixas para distinguir os praticantes.  As graduações em todo o mundo são apenas atribuídas pela ANKF através da realização de estágios que podem ocorrer no Japão; na Europa e nos EUA ocorre um estágio anual com mestres japoneses da ANKF com exames de atribuição de grau.



Manoel Felipe M de Albuquerque
Divulgando a cultura marcial


Referencias

Kyudo Brasil
Wikipedia

Imagens: Divulgação

2 comentários:

Outsiders disse...

O arco é sem dúvida uma das mais nobres armas da nossa prática moderna, equilibrando a eficiência do combate com o estudo de autoconhecimento, assim como o controle do corpo e da mente.
Algumas escolas consideram o arco como sendo uma arma suprema, mais importante até mesmo do que a espada, pois permite ataques a distância. Ainda que fosse uma escolha de cada guerreiro, tanto o arco quanto a espada são armas muito nobres. Em muitos casos, ao longo da história eles foram usados pelo mesmo combatente, conduzindo seu primeiro ataque, a determinada distância, com o arco, seguido pela espada para o combate corpo a corpo.

Como se pratica?
Sempre com a supervisão de um Orientador e, observando-se regras rígidas para manter a segurança de todos, o aluno realiza exercícios de fortalecimento e treino de tiros com diferentes posturas. Além disso, conhecer a história da arma, executa exercícios para relaxamento, bem como técnicas de meditação.

Os benefícios obtidos com a prática são:
– Conhecimento da origem história do tiro com arco.
– Melhora na agilidade, destreza e precisão.
– Desenvolvimento do raciocínio lógico e estratégico.
– Alívio do estresse e da tensão.
– Controle do corpo e da mente.
– Concentração e foco.

Outsiders disse...

A arte Zen do Arco e Flecha... Quando o arqueiro zen dispara a flecha, ele atinge a si próprio. Nesse momento mágico, ele se ilumina.” (Eugen Herrigel)

Para ser um autêntico arqueiro, o domínio técnico é insuficiente. É necessário transcender este domínio de forma que ele se torne uma arte sem arte, aquela emanada do inconsciente. É assim o Kyudo, a arte zen do arco e flecha. O autor do livro “A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen” Eugen Herrigel revela em seus escritos que “No tiro com arco, arqueiro e alvo deixam de ser entidades opostas, mas uma única e mesma realidade”.

É importante frisar que a arte do arco flecha é uma das mais tradicionais desenvolvida desde a época dos samurais e o seu ideal vai muito além do que o olhar ocidental pode alcançar. A meta do arqueiro não é só a de atingir o alvo. O que se pretende é harmonizar e equilibrar o consciente e o inconsciente.

Usamos aqui o arco e flecha de forma metafórica, pois obviamente, estamos falando de nossa própria vida.

“Arco e flecha são, por assim dizer, nada mais do que pretextos para vivenciar algo que também poderia ocorrer sem eles; pois são apenas auxiliares para o arqueiro dar o salto último e decisivo” revela o autor.

É claro que na citação acima, Eugen Herrigel, fala sobre a vivência do satori (iluminação).

O zen é uma experiência que deve ser vivida e não falada. Nesse contexto, o autor desse livro foi a “luta” para tentar desvendar os caminhos que o levariam para a iluminação. Muitas foram às vezes em que fracassou. Por ser ocidental, não enxergava de maneira correta o que o famoso mestre Kenzo Awa lhe falava, pois as parábolas eram muitas.

“Muitas vezes, o mestre não tinha outro remédio a não ser apertar subitamente algum músculo das minhas pernas, em pontos particularmente sensíveis. Quando numa dessas ocasiões, eu lhe disse que eu estava me esforçando para permanecer relaxado, replicou: _Este é o seu maior erro; o senhor se esforça, só pensa nisso. Concentre-se apenas na respiração, como se não tivesse de fazer mais nada. Aprendi a deter-me na respiração tão despreocupadamente que, às vezes, tinha a sensação de não respirar, mas de ser respirado, por estranho que pareça”, descreve.

O Kyudo não pode ser trilhado apenas com o treinamento incansável. Como qualquer arte ligada ao zen, pudesse dizer que ele é também um modo de vida.

Fonte: Bushido Brasil

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