domingo, 8 de janeiro de 2012

Transformando a Derrota em Vitória: O bastão JO


Uma das principais armas do aikido é o bastão Jo. Versátil, este bastão com aproximadamente 1,2m a 1,4m (a altura ideal deve ser a do ombro do praticante) de comprimento por 2,6 cm de diâmetro foi desenvolvido de uma forma muito curiosa. Reza a lenda que o samurai Muso Gonnosuke Katsuyoshi, que era perito em bastão longo (bo) e esgrima (kenjutsu) certa vez desafiou o samurai Myamoto Musashi. Até aquele momento nenhum dos dois homens havia sido derrotado. Alguns falam que travaram o duelo com boken (espadas de madeira) outros dizem que Muno Gonosuke utilizou o bo . A única certeza que se tem é que Muso foi derrotado. Estranhamente, Musashi conhecido por raramente deixar seus adversários vivos, resolveu poupar seu contendor.

Meses se passaram e Muso Gonnosuke se retirou para as montanhas a fim de realizar um treinamento intenso (shugyo) e perceber a razão de sua derrota. Certa noite visualizou em um sonho a maneira de vencer Musahi e desenvolveu uma arma curta, de pequeno diâmetro .
Novamente, após intenso treinamento, pediu então a revanche, no qual foi atendido.
Musashi utilizava a sua já conhecida técnica com duas espadas (Niten). Gonnosuke partiu para um ataque fulminante, fazendo Musashi recuar e, este, ao avançar para dar o contragolpe, foi surpreendido pelo bastão. Não é possível saber exatamente que técnica Gonnosuke utilizou. O fato é que, no Niten–Ki ( livro escrito após a morte de Musahsi por seus seguidores) afirma que o espachim foi totalmente e convincentemente derrotado, pela única vez em sua vida. O espadachim mais célebre e pitoresco do Japão foi superado pela arte do simples bastão. Entretanto, o tempo em que passou no autoexílio haviam mudado a personalidade de Gonnosuke, que tendo provado a eficácia de sua nova arte, preferiu dizer que Musashi venceu pela segunda vez.



Posteriormente, Gonnosuke se retirou tranqüilamente, aceitando uma posição de professor de artes marciais no clã dos Kuroda em Kyushu. Para um número seleto de alunos, ele revelou a arte de seu jo, mas o estilo Shindo Muso permaneceu como um assunto de okuden (ensinamentos secretos).


Devido à sua característica física, o jo permite um manuseio fácil e uma grande variação de movimentos contra os ataques da espada, podendo estocar como a lança, dar pancada como a espada e ser arremessado como uma foice, sem que, necessariamente, provoque a morte do adversário. Além disso, o Jo, com um golpe perfeito pode quebrar a lâmina da espada, enquanto que esta não consegue parti-lo em combate. Este é um dos motivos pelos quais inúmeras artes marciais japonesas, estudam o Jo. Algumas delas são: Aikido; Kukishin Ryu; Kumite Ryu Jujutsu; Koga Ha Kurokawa Ryu ; Shinto Muso Ryu; Sho Bu Do Bu Jitsu Ju Jitsu ; Suio Ryu - Koryū que inclui Jojutsu; Takenouchi Ryu; Taura Muso Ryu Kobudo ; Tendo Ryu – Naginata ; Toda Ha Buko Ryu e Yamate Ryu.

No aikido as técnicas com Jo se denominam Aikijo. Trabalha-se basicamente o Jo no Suburi (ataques com jo) e Jo Tori (desarme de jo). O aikidoca que mais se destacou no mundo em aikijo foi o saudoso sensei Morihiro Saito (falecido em 2002), chegando inclusive a criar um sistema de graduação específico para aikijo e aikiken. No Brasil, a melhor pessoa para ensinar o aikijo é o mestre Ichitami Shikani (Associação Aizen de Aikido), além é claro dos representantes do estilo de sensei Saito, o Iwama ryu. Fora do aikido é o sensei Jorge Kishikawa, do Instituto Niten.


Sensei Saito : Jo Tori

A principal lição que se tira da história de Muso Gonnosuke e do bastão Jo é que a diferença entre o sucesso e o fracasso encontra-se na maneira como são encarados os reveses, as desvantagens, os desencorajamentos e outras situações decepcionantes. Muso nos ensina algumas maneiras para transformar a derrota em vitória:

1- Pare de se queixar da sorte e tenha a coragem de fazer uma autocrítica construtiva. Procure seus erros e fraquezas não para se condenar, mas para ver o que e onde pode melhorar. Isso fará de você um profissional melhor;
2- Conserve seus objetivos e não tenha medo de arriscar, mas não faça tudo “na doida”, com se diz na gíria. Alie a perseverança e a imaginação com conhecimento e experiência. Lembre-se que antes de desenvolver o Jo, Gonnosuke era um perito em esgrima e em Bo. Se não der certo, não insista: procure novos métodos, diferentes experiências;
3- Uma derrota ensina muito mais que uma vitória. Lembre-se de que em todas as situações existe um lado positivo. Encontre-o e saia vencedor.


Manoel FELIPE M de Albuquerque
É veterinário, aspirante a blogueiro e estuda AIKIDO. 
Acredita que todos os (bons) caminhos devem conduzir ao mesmo objetivo.
O AIKIDO é um bom caminho, mas não é o único




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